sexta-feira, 30 de junho de 2023

CONTOS DE UM RIO


CONTOS DE UM RIO 



   Desde os tempos idos, esta terra pertencia aos nossos ancestrais; todavia, quando desço o rio, vejo, misturado ao verde esplendor, a marca deixada por poucos as suas margens.

  Esses não se contentam só em poluir e, quando se observa isso, o meu coração parece querer substituir tudo o que para na curva do rio e ali permanecer na busca do que foi um dia.

  Sou água, sou verde, sou você, sou quem se foi e quem virá; sou o Rio de seus antepassados e tenho te observado como tens me tratado, e só posso retribuir na mesma proporção.

  E a vida se espalha pelas águas, assim como o sonho invade a alma, para continuar a navegar nos rios dos nossos antepassados.

  Assim é a vida, como um rio que se molda a cada desafio e segue adiante; sem vacilar, avançamos descobrindo o destino das guerras e os motivos das flores. As pessoas de Rio Negrinho, contudo, é exemplo de superação.

  A cidade passou por momentos difíceis, mas sempre seu povo se levantou e, de maneira exemplar, alcançaram a solidariedade mútua nas enchentes que assolaram ao longo dos tempos alguns pontos de Rio Negrinho. 

  Creio que você tenha alguma pergunta, mas antes de responde-la, leia esta mensagem de Scheilla Lobato, chama-se Lamento de um Rio, note tudo o que se deu e quem sabe a culpa não seja do Rio.

LAMENTO DE UM RIO
Me perdoem por toda esta "bagunça"... Eu só queria passar.
Eu não fui feito pra Destruir... Eu só queria passar.
Já fui Esperança para os Navegantes...
Rede cheia para Pescadores...
Refresco para os banhistas em dias de intenso calor.
Hoje sou sinônimo de Medo e Dor...

Mas, eu só queria passar...
Me perdoem por suas casas
Por seus móveis e imóveis
Por seus animais
Por suas plantações... Eu só queria passar.
Não sou seu inimigo
Não sou um vilão
Não nasci pra destruição...
Eu só queria passar.
Era o meu curso natural
Só estava seguindo meu destino
Mas, me violentaram,
Sufocaram minhas nascentes
Desmataram meu leito... Quando eu só queria passar.
Encontrei tanta coisa estranha pelo caminho... 

Que me fizeram

transbordar...
Muros
Casas
Entulhos
Garrafas
Lixo
Pontes
Pedras
Paus...

Tentei desviar ...

Porque eu só queria passar.
Me perdoem por inundar sua história,

Me perdoem por manchar

esta história...

Eu só estava passando...
Seguindo o meu trajeto

Cumprindo o meu destino:

Passar..

  Pensando bem, não há tristeza com o Rio. Alguns dias atras recebi uma visita muito importante em um sonho que tive. Nesse sonho um índio saiu na curva do Rio e me entregou uma carta com o título "CONTOS DE UM RIO" que dizia assim:   


Caros amigos,



É com grande alegria e gratidão que escrevo estas palavras para expressar meu profundo

agradecimento por ter sido homenageado com o nome de uma cidade. Como um Rio que flui majestosamente através das paisagens e dos corações daqueles que me
cercam, é uma honra ser reconhecido dessa maneira.

A cidade que leva meu nome é um lugar especial, cheio de vida e cultura, onde as
pessoas se reúnem para celebrar a beleza e a diversidade do mundo ao nosso
redor. Sinto-me muito orgulhoso de ter sido escolhido para dar nome a essa
comunidade vibrante e inspiradora.

Quero agradecer a todos os envolvidos nessa escolha, qual seja: a própria natureza,
pois ninguém achará nada escrito sobre a real homenagem, mas tão somente os
moradores que acreditaram em mim como um símbolo digno de representar sua casa.
Espero que a cidade que leva meu nome continue a prosperar e a crescer, e que
ela seja um farol de esperança e inspiração para todos os que a visitam.

Com sincera gratidão,

O Rio que dá nome a essa cidade.



Assinado: Rio de Rio Negrinho


Artista Plástica Dolores Maria Vellasques - " O último adeus"

 

Tela Óleo de Dolores Vellasques

O último adeus!

Silente testemunha de tantos anos,

Erguida à beira da estrada d’outrora,

Tua majestade inspirava nossos danos,

Era nossa sombra em noite enluarada.

Mas ainda ontem te encontramos caída,

Em seu espaço agora a aura de um passado de glória,

Despedida que a todos comove e fere,

Tua jornada cumprida.

Tuas folhas secas pelo vento levadas,

Teu madeiramento cedeu ao tempo,

Mas tua alma não se apagará,

Só mudou de forma, em novo momento.

Ao solo que te acolheu em teu adeus,

Tu agora jazes, contudo, esperança ao novo tempo,

Te tornarás parte de um ciclo que já se deu,

Um novo começo para a natureza em movimento.

 

Neste último adeus!

 

Te saudamos com respeito e admiração,

Pois tua vida encantou sua geração,

Obrigado pela sombra cedida ao viajante, que em nome do amor contigo orou!

Pois tu representas nesses caminhos, a ligação do vácuo ao tempo.

Apresentação


Cleverson José Vellasques, (C. J. Vellasques) casado com Juliana Vanessa dos Santos Vellasques, pai de cinco pessoas incríveis, avô de uma geração fantástica, Advogado; Escritor; Ultramaratonista; Presidente da Academia de Letras do Brasil de Santa Cataria seccional de Rio Negrinho.

Meu espírito em prosa poética é mais discreto ao se apresentar, mas não se cala ao se provocar  ...

Quanto a este que ora dedilha, não te atentes, cresceu montando cabos de vassoura, cavalgando rédeas de barbante, soltando bombinhas em bueiros e veleiros de jornal nas enxurradas. Mas com os tombos da vida, a vassoura se tornou lombo, o barbante se transformou em brida. Cavalgou cavalos reais, tiritou ventos gelados, nadou por águas profundas. Já foi pinha, já foi chão, um cavaleiro a trotear num sonho tropeiro insano. O velho jornal virou pano, A enxurrada se transformou em oceano. Mas com as cicatrizes e os cortes profundos d’alma, os pensamentos frágeis se tornaram efêmeros como fogo em palha. Aquele coração, disponível para aluguel, agora é vasto como o céu e imenso como o mar, um mar de afeto e carinho, como o recebido por aquela que atravessou tempos e oceanos para me dar à luz neste plano, bem como os laços preciosos que se entrelaçam. Em igualdade de afeto, honro e celebro o sopro da vida. 
Eis que o sopro da vida se fez poema, que o vento veio declamar. 
Na minha cidade, meus pés se rendeu,
Na grandiosa represa, minha memória está viva.
Em cada gota de suor, a natureza me acolheu,
Um aventureiro incansável, que o tempo não deriva jamais
Nas araucárias, nos campos, nas águas onde a vista não alcança.
A corrida ou melodia, onde meu espírito ecoa aos ancestrais,
A emoção aventureira, se torna a canção das lembranças.

 

Por     

C. J . Vellasques


Entre Cicatrizes e Estrelas

Não me entrego à ilusão de que o poder é puro. Já vivi demais para acreditar em inocências fabricadas. Sei que há cartas marcadas, sei que há máscaras e fingimentos. Mas também sei que a vida não é só isso. Há certo e errado, mesmo quando tentam apagá-los com cinismo.

Não me arrependo dos caminhos que escolho. Carrego cada decisão como cicatriz que não envergonha. Ademais, se estou presente, é para estar dentro; se luto, é para ser parte da história, não seu espectador esquecido.

Dizem que tudo é jogo. Para mim, é missão. A palavra é minha arma, a lei é meu escudo, e a justiça, ainda que imperfeita, é a estrela que guia meu ofício. Continuo seguindo como quem escreve o próprio destino, entre cortes, livros e a memória dos que vieram antes.

Por 

C. J. Vellasques







Um Conto Poético da Verdade Submersa

  Um Conto Poético da Verdade Submersa      Nos vales frios de Rio Negrinho, onde o nevoeiro abraça as montanhas e as urnas guardam silêncio...