O Último Grito da Mata
O Último Grito da Mata
Eu sou o amargo da terra,
da terra cuspida em sangue,
sou o mate amargo da
luta,
luta,
sou trincheira, sou barranco, sou gente.
Sou o grito que vem da mata,
sou bugre, sou caboclo, sou crente,
sou jagunço de mão calejada,
sou contestado valente!
Quando o jagunço tomou a estrada,
não foi por ouro, não foi por fama,
foi por terra, por pão, por palavra,
foi pra não ajoelhar pra farda,
foi pra não morrer calado na lama.
E eu, amargo, eu não esqueço:
meu mate tem gosto de pólvora e reza,
meu chão tem cheiro de sangue e promessa,
minha voz é facão, meu passo é bandeira.
No peito carrego as marcas do contestado,
nos olhos, a memória do massacrado.
E quando declamo, Taura,
não é só pra rimar,
é pra lembrar
que o índio ainda grita no mato,
que o jagunço ainda clama no barro,
e que a mata inteira, rasgada e aberta,
solta seu último grito
pra nunca calar!
Por C. J. Vellasques
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