Terra, sonho e lenda
Terra, sonho e lenda
Nas terras do Planalto Norte, onde as cachoeiras
entoam canções,
Surge a história de uma luta, tecida em corações e
paixões.
Onde a estrada de ferro cortava a floresta sem
fim,
Começou um conto de ganância, de esperança, um
conto sem fim.
Madeireira, estendia suas garras, sedenta por
madeira,
Facquar, o magnata, esquecia que cada árvore era
uma vida inteira.
Nesse cenário, LEVANTAM-SE jagunços, em busca de
justiça e para se manter em suas terra,
Guiados crenças, monges, lendas, fé contra a
guerra.
Era um tempo de lendas vivas, de Doze Pares de
França,
De São Sebastião, de sonhos, onde a esperança
ainda dança.
Nessa terra, Madrinha Maria Rosa, curandeira, mãe
dos desprotegidos,
E Chica Pelego, guerreira, defensora dos
injustiçados e feridos.
As vozes das mulheres ecoavam, fortes, pelas
coxilhas e vales,
Nos ensinando que em meio à luta, sua coragem
jamais falha.
Elas, com suas mãos de cura e espíritos de luta,
Moldaram a história do Contestado, com força
absoluta.
Em solo esperançoso, essa história se mantém viva,
Nas lembranças dos que lutaram, e na terra que seu
legado cativa.
A herança do Contestado, um grito por justiça e
verdade,
Mas está longe dos entendimentos e vaidades ...
Na Região Contestada, onde as histórias se
entrelaçam com os rios,
Paira ainda a lenda das virgens de José Maria,
figuras de mistério e desafios.
Contam que sobre o Rio Iguaçu, em União da
Vitória, elas caminhavam,
Como seres etéreos, deixando soldados em delírio,
enquanto planavam.
Mulheres de cabelos tanto claros quanto escuros,
pela mão do monge guiadas,
Eram chamarizes em batalha, em tramas de enganos e
lutas calculadas.
Armadas com punhais escondidos, e fuzis dos
inimigos tomados,
Marcavam o destino dos soldados, em atos lendários
e audaciosos.
Nas narrativas do Contestado, estas virgens,
ferozes e astutas na guerra,
Encantavam com sua serenidade, mas em batalha
revelavam sua terra.
Com precisão e destreza, findavam seus oponentes,
uma dança mortal,
Um misto de encanto e força, um destino tecido
entre o bem e o mal.
Mas no desenrolar das lendas, o fim dessas
heroínas se desdobra,
Eis que pelo Leão do Contestado, suas jornadas
foram abruptamente cortada ao serem fuziladas.
E assim termina o ciclo dessas mulheres, entre
paixão e traição,
Uma parte sombria, porém, essencial, da história
dessa nação.
No alto da Serra Catarinense, onde o passado e o
presente se encontram,
O legado do Contestado continua, forte, rios que
não se esgotam.
Nestas terras, histórias e lendas se confundem,
Jagunços, monges e GUERREIRAS que por justiça lutavam, ainda
nossas mentes invadem.
O Planalto guarda essas memórias, de lutas, lendas
e verdades,
Um cenário de eventos, de coragem, de sonhos e de
realidades.
É um convite à reflexão, ao respeito, a seguir
descobrindo,
As lições do povo do Contestado, entre lendas e
fatos, sempre vivendo.
Disso tudo consigo concluir que se tudo permanece
vivo em nossos dias, é porque o ideal era verdadeiro, pois ...
Existe, além das sombras da história, um mundo
mais sadio, mais justo,
Um lugar que brilha no horizonte, pelo qual
lutamos com todo o nosso susto.
Com o guamirim frio e duro como facão em mãos,
símbolo de força e de guia,
Caminhavam em direção a esse mundo, onde a
esperança nunca se esvazia.
Além dos campos do Contestado, além do sangue
derramado,
Se sonhava pelo mundo de liberdade, um sonho ainda
não alcançado.
Um lugar sem frio, sem sangue, sem maldade,
Onde o caboclo não é mais acuado, mas vive em
serenidade.
Nesse ideal que se buscava, não havia fome por
vingança,
Nem mortes traçadas por destinos, mas sim uma
contínua esperança.
É um lugar onde a paz reina, onde a justiça é um
rio que flui,
Um local onde o amor e a compreensão são as
sementes que se expandem e frui.
E assim, inspirados pelas histórias do passado,
pelos sonhos do Contestado,
Marchamos para frente, com corações destemidos,
nunca desanimados.
Pois já se acreditou num futuro onde a vida seria
o bem maior e um direito de todos,
Um mundo onde a harmonia prevalece, e onde cada
passo nos leva a novos modos.
Por C. J. Vellasques
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