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Mostrando postagens de maio, 2025

Um Conto Poético da Verdade Submersa

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  Um Conto Poético da Verdade Submersa      Nos vales frios de Rio Negrinho, onde o nevoeiro abraça as montanhas e as urnas guardam silêncios antigos, viveu uma lenda, cujo nome é bíblico, alma singela, vocação de servir.      Não era dono de diretório, tampouco condutor de verbas ou vontades. Era apenas um sonhador de mandato, um filho da democracia que ousou tentar um assento no parlamento, guiado por fé no voto e esperança no povo.      Mas eis que, entre contas e carimbos, caiu-lhe sobre os ombros o peso de uma assinatura. Uma só — como tantas que já fizera. E nela, sem intenção de prejudicar alguém, sem má-fé, sem lucro ou trama, selaram-lhe o destino com tinta de inverdade.      Disseram que forjou, que sabia, que mentiu. Mas esqueceram-se os que acusam de que o saber exige ciência, e a consciência. E de que quem não manda, não obedece; quem não preside, não responde; e quem não sabe, não titubeia.    ...

O Homem que Veio do Vento

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     O Homem que Veio do Vento Por C. J. Vellasques      Ah, Senhoras e Senhores das Letras, apreciadores da paixão, do teatro e da literatura… que força tem a emoção quando se enlaça à arte! E que força é essa que nos move, senão um arrebatamento digno das mais sublimes tragédias e comédias do Bardo de Avon?      Com tua permissão, aqui começa um conto, arquitetado com a vibração arrebatadora de um coração que amou Shakespeare numa tarde qualquer, e jamais voltou a ser o mesmo.      Dizem que numa noite de bruma leve, entre as colinas da Inglaterra e os becos da alma humana, nasceu um homem feito de palavras.      Não tinha espada, nem coroa, nem exército, mas comandava lágrimas e risos com o simples dobrar de uma sílaba.      Seu nome era Shakespeare .      Os séculos passaram, mas ele jamais partiu.           Está onde houver amor e canções, poesia e ...

O Último Grito da Mata

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  O Último Grito da Mata Eu sou o amargo da terra, da terra cuspida em sangue, sou o mate amargo da luta, sou trincheira, sou barranco, sou gente. Sou o grito que vem da mata, sou bugre, sou caboclo, sou crente, sou jagunço de mão calejada, sou contestado valente! Quando o jagunço tomou a estrada, não foi por ouro, não foi por fama, foi por terra, por pão, por palavra, foi pra não ajoelhar pra farda, foi pra não morrer calado na lama. E eu, amargo, eu não esqueço: meu mate tem gosto de pólvora e reza, meu chão tem cheiro de sangue e promessa, minha voz é facão, meu passo é bandeira. No peito carrego as marcas do contestado, nos olhos, a memória do massacrado. E quando declamo, Taura, não é só pra rimar, é pra lembrar que o índio ainda grita no mato, que o jagunço ainda clama no barro, e que a mata inteira, rasgada e aberta, solta seu último grito pra nunca calar! Por C. J. Vellasques